Pela primeira vez desde o início do surto do novo coronavírus no país, os proprietários de pequenas empresas apresentam um avanço no otimismo em relação à retomada da economia. E a maioria dos negócios de pequeno porte já está funcionando.
Com a flexibilização das medidas de confinamento social e a reabertura dos estabelecimentos, as micro e pequenas empresas dão sinais de reação diante da crise. Este cenário mais favorável é revelado por um levantamento do Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Pequenas empresas de portas abertas
Na pesquisa, 76% dos 6.506 empresários que responderam às perguntas disseram que os seus negócios voltaram a funcionar. A maioria deles, 63%, está de portas abertas, mas em um formato diferente de como funcionava antes pandemia.
Os dados também identificam que houve uma recuperação no nível de endividamento dos empreendimentos de pequeno porte. No final junho, 40% destas empresas tinham empréstimos ou dívidas atrasadas. Um mês depois, esses números caíram para 36%.
A pesquisa de impacto da Covid-19 sobre as atividades empresariais colheu informações em todos os 26 estados brasileiros e DF. O estudo reflete os dados do Microempreendedor Individual (MEI), cerca de 57% dos pesquisados, microempresas (38%) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), 5%.
Retomada econômica e capacidade empresarial
Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, uma nova imagem começa se a desenhar com uma melhora nas expectativas dos empresários. “Não temos dúvida da relevância dos pequenos negócios para a retomada econômica do país e da força e capacidade destes empresários”, salientou.
De acordo com ele, a “boa notícia” é que já é possível visualizar os primeiros passos de uma recuperação, mesmo que seja lenta e que varie entre os diversos segmentos. “O importante, agora, é manter esse ritmo positivo daqui para a frente”, destacou Melles.
Aumento na busca por ajuda financeira
A pesquisa do Sebrae também revelou um significativo aumento na proporção de pequenas empresas que buscaram ajuda financeira. Entre a última semana de março e a de julho, o índice de pequenos negócios que se direcionaram a empréstimos saltou de 30% para 54%.
Canais de venda on-line
Ainda conforme o levantamento, o interesse pela digitalização dos canais de venda já é uma realidade para 66% dos empreendimentos de pequeno porte. O WhatsApp é a ferramenta digital mais utilizada pelos donos de pequenas empresas.
Localização interfere nos negócios
Outra informação trazida pela pesquisa é que as empresas localizadas em regiões com maior tendência a aglomerações enfrentam uma maior dificuldade para o seu funcionamento normal.
Exemplo disso são as lojas dentro de shoppings (42% ainda não estão funcionando). Também os negócios ligados a algum tipo veículo, como Uber e transporte escolar, têm um percentual de funcionamento suspenso em 38%.
Por outro lado, as pequenas empresas estabelecidas em pontos de rua possuem o melhor desempenho nas atividades. Neste setor, apenas 12% dos empreendimentos ainda continuam fechados.
Conforme os dados do Sebrae, dentro da reestruturação física dos negócios de pequeno porte, 41% dos MEI estão trabalhando em casa. E 52% das micro e pequenas empresas continuam funcionando em lojas ou salas de rua.
Faturamento em recuperação
O levantamento apontou que houve uma diminuição, de 84% para 81%, no número de empresas que reduziu o seu faturamento. O volume desta redução também baixou um pouco: de -51% para -50%.
Considerando os setores mais afetados pela crise e que estão se recompondo, o turismo teve uma leve melhoria nas perdas do faturamento, de -76% para -74%. Já a indústria de base tecnológica passou de -45% para -35%.
O segmento da saúde foi de -46% para -36% e o da moda, de -56% para -50%. Os serviços de alimentação saíram de -56% para -51% e a indústria alimentícia, de -40% para -37%.