A confiança dos donos de pequenos negócios registrada no mês passado teve o maior incremento do ano até agora. Este é o resultado da Sondagem das Micro e Pequenas Empresas, realizada todo o mês pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Conforme a pesquisa, o Índice de Confiança das Micros e Pequenas Empresas (IC-MPE) avançou 5,8 pontos em relação a maio. E ainda alcançou o patamar de 93,7 pontos. Então, foi o maior registro identificado desde agosto de 2020.
Segundo o presidente do Sebrae, Décio Lima, os proprietários de pequenos empreendimentos já estão percebendo a melhora na economia. E isso reduz o pessimismo futuro. “Mas além disso, eles acreditam que o Banco Central terá sensibilidade. E reduzirá a taxa de juros, que está sendo mantida em uma base injustificável”, considera.
Lima também destaca que, caso os juros não diminuam, a confiança dos empresários das empresas de pequeno porte pode apresentar uma queda. “Então, há mais dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos. Porque esses são alguns dos reflexos de como a taxa básica de juros afeta diretamente os micros e pequenos negócios. Mas, para que o horizonte favorável seja mantido, é preciso que o Banco Central faça a sua parte.”
Principais setores tiveram evolução
O IC-MPE compõe três índices de confiança das principais áreas da economia no país: comércio, serviços e indústria de transformação. E no mês de junho, todos apresentaram uma evolução, de acordo com as informações do Sebrae.
O segmento que mais contabilizou uma elevação na confiança foi a indústria. Porque esta área abandonou uma sequência de três quedas consecutivas para um incremento de 11,9 pontos. E na sequência está o comércio, com 9,6 pontos, e serviços, com 2,5. “Então, este resultado mostra que estamos caminhando para o patamar de neutralidade. E o pior momento da confiança por parte das MPE está ficando para trás”, analisa Lima.
Alta na indústria é sinal de confiança
Depois de três quedas consecutivas, o índice de confiança no setor industrial demonstrou uma forte alta de 11,9 pontos. E registrou 97,3 pontos, o maior nível desde agosto de 2022. Dos cinco segmentos avaliados, quatro avançaram, com destaque para refino e produtos químicos, alimentos, metalurgia e produtos de metal. Porém, na contramão, o vestuário teve um leve recuo.
Comércio também tem recuperação
Após alguns meses de oscilações, a confiança dos pequenos negócios na área comercial começou a ter sinais de recuperação. Porque no mês passado, o índice indicou uma forte alta de 9,6 pontos. E entrou para o patamar de 94,9 pontos. Foi o maior desde outubro de 2022, quando foram 98,1 pontos.
“A recuperação gradativa do mercado de trabalho, o aumento da massa salarial e a desaceleração da inflação refletiram nesse resultado”, constata o presidente do Sebrae. E a alta do setor foi observada em todos os segmentos. Em especial material de construção, varejo restrito e veículos, motos e peças.
Presença de MEIs e MPEs na economia
As pequenas empresas estão cada vez mais presentes na economia brasileira. Uma estimativa feita pelo Sebrae, utilizando dados da Receita Federal e pesquisas da instituição, revelou que metade da população é impactada direta ou indiretamente por microempreendedores individuais (MEI) e MPEs. Ao todo são 95 milhões de pessoas. O número é cerca de 10% maior do que o detectado em 2021, quando foram estimados 87 milhões de brasileiros beneficiados.
Empreendedores e funcionários impactados
Estes registros superam o volume das populações de países como Alemanha, Inglaterra, França, Irã e Turquia. Lima explica que empreendedores, funcionários e familiares são impactados. “Porque são pessoas que se sustentam e que movem a economia por meio dos recursos que os pequenos negócios geram. Por isso, é tão importante a execução de políticas públicas que beneficiem esse segmento. Então, é um dos caminhos para o Brasil deixar de fazer parte, mais uma vez, do mapa da pobreza e caminhar para a geração de renda e emprego.”
De acordo com as informações levantadas, se forem considerados os empresários que têm como única fonte de renda a sua atividade empreendedora, e seus familiares, é atingida a marca de 39 milhões de brasileiros impactados diretamente. E ainda outros 56,1 milhões de brasileiros, grupo composto por funcionários empregados pelos pequenos negócios (18,3 milhões) e suas famílias.