O segmento de bares e restaurantes, um dos mais atingidos pela crise devido à pandemia de Covid-19, poderá ter uma linha especial de crédito. Para ajudar os empreendedores deste setor, o governo federal analisa a criação de um programa de apoio.
O projeto dentro do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) será apoiado pelo Sebrae. Neste momento, o Ministério da Economia está estudando a viabilidade de financiamento subsidiado para os pequenos proprietários desse tipo de negócio.
Em novembro de 2020, em uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), apontou que a categoria teve o quarto pior nível de faturamento da economia Nacional. Foi um índice de -48% em relação ao período anterior à pandemia.
Esse quando se deu apesar da retomada das atividades do segmento e da melhora, embora lenta, no faturamento dos empreendimentos. O nicho de bares e restaurantes fico atrás apenas do turismo (-65%), economia criativa (-62%) e academias (-51%).
Nível de inadimplência de bares e restaurantes
Outro grande problema que afeta o segmento é o elevado nível de inadimplência das empresas. Em torno de 43% delas possuem dívidas em aberto. Isto significa 10 pontos percentuais acima da média de todos as faixas da economia (33%).
De acordo com o presidente do Sebrae, Carlos Melles, é preciso ser feita uma reformulação do programa para este ano. Ele também defende a criação de um formato de crédito voltado a “atender primordialmente os pequenos negócios de alimentação fora do lar”.
Inovação com serviços de delivery
Melles também considera que deve haver atenção a outros segmentos, além de bares e restaurantes, que foram mais “severamente atingidos pela pandemia”. Nesta situação está o turismo, a economia criativa, as academias de ginástica e a logística. Para ele, em relação aos restaurantes, os donos buscaram implementar inovações, oferecer serviços de delivery, por exemplo. Porém, isso não resolveu o problema.
“A perda média no faturamento, quando comparado ao período anterior à crise, continua elevada”, aponta o dirigente. Segundo o executivo, “com o mesmo aporte de recursos do ano passado como garantia, é possível oferecer R$ 200 bilhões em novos empréstimos”.
Pronampe disponibilizou mais de R$ 37 bilhões
O Pronampe é um projeto criado durante a pandemia e que atende às necessidades dos pequenos empreendimentos de serviços e comércio. Essas atividades foram as mais prejudicadas pelas medidas de isolamento social decorrentes das medidas contra o surto.
Segundo dados do último mês, cerca de 517 mil empresas foram beneficiadas com R$ 37,5 bilhões liberados, através do Fundo Garantidor de Operações (FGO), com recursos do Tesouro.
Conforme Melles, o programa é a melhor política pública já criada no país para ampliar o acesso dos negócios de pequeno porte ao crédito e foi um apoio fundamental para milhares de empreendedores.
Garantia do governo e juros abaixo da média
Para o presidente do Sebrae, a grande vantagem da proposta foi o modelo de execução por meio de garantias, facilitando o acesso das empresas ao crédito. Nesse formato, o governo se torna um avalista do empresário. “Se as empresas dão calote, o governo assume a conta.”
Além deste aval, outras vantagens do Pronampe são as taxas de juros abaixo da média de mercado. Foram em torno de 30% ao ano para as pequenas empresas no ano passado. E o período de carência para a quitação das parcelas dos empréstimos favorece as empresas, já que podem se organizarem financeiramente.