Micro, pequenas e médias empresas do setor da indústria ganharam essa semana um programa que visa à transformação digital e ampliação de produtividade. O Programa Brasil Mais Produtivo foi apresentado em Brasília pela diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho. E ele terá consultoria e oferta de serviços para mais de 93 mil empresas na primeira fase. Mais de R$ 2 bilhões serão investidos pelo governo federal e entidades parceiras dentro do projeto.
O lançamento teve a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Também estiveram presentes os ministros do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
“Não é exagero afirmar que a recuperação da indústria brasileira passa, necessariamente, pela pequena empresa. E nós precisamos assegurar que essa expressiva participação numérica dos pequenos negócios se reflita também em uma participação proporcional na sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) do próprio setor e do país”, salientou Margarete.
Práticas com base tecnológica: sobrevivência e crescimento
A diretora do Sebrae lembrou que as MPE representam 95% dos empreendimentos do país. Então, o setor ainda responde por 30% do PIB e gera mais de 70% dos empregos formais. A executiva também destacou que, em um contexto de economia globalizada, o desenvolvimento tecnológico das empresas de pequeno porte tornou-se fundamental para a sua sobrevivência e o seu crescimento.
Pequenos negócios da indústria têm papel de protagonismo
“O Sebrae não quer apenas o crescimento econômico para essas empresas. Porque nós desejamos e buscamos um desenvolvimento que se faça com inclusão socioeconômica, equidade, promoção do trabalho decente e melhoria da renda. Então, os pequenos negócios da indústria brasileira terão um papel de protagonismo nesse processo”, enfatizou.
R$ 2 bilhões para engajamento digital de 200 mil empresas
A nova etapa do programa, que foi criado em 2016, destinará R$ 2,037 bilhões para o engajamento digital de 200 mil indústrias. Mas o atendimento direto será a 93,1 mil empreendimentos nos próximos três anos. Então, as instituições financiadoras BNDES, Finep e Embrapii se somaram às parcerias já consolidadas com ABDI, Sebrae e Senai. E esses dois últimos serão executores, com recursos próprios.
Qualificação, otimização de processos e eficiência energética
O Brasil Mais Produtivo irá disponibilizar um ciclo completo de acesso ao conhecimento. Então, as empresas atendidas ingressarão em uma Jornada de Transformação Digital. Porque a proposta é o aperfeiçoamento da força de trabalho, requalificação, melhores práticas de gestão, digitalização, otimização de processos produtivos e aumento de eficiência energética. Mas, agregado, está o crédito com juros baixos ou recursos não-reembolsáveis para adoção de tecnologias ligadas à Indústria 4.0 e às smart factories (fábricas inteligentes).
Desenvolvimento inclusivo, estabilidade e sustentabilidade
“O Brasil, há 40 anos perde produtividade, mesmo com o aumento da escolaridade temos essa queda. Então, temos que agir na causa dos problemas para ter um crescimento forte, sustentável, que gere emprego e renda para a nossa população”, frisou Alckmin. “Porque tudo isso deve promover um desenvolvimento inclusivo, com estabilidade e sustentabilidade. Então, a neoindustrialização é inovadora e verde”, completou o vice-presidente da República.
França indicou a importância de reunir diversos parceiros na iniciativa. “A ideia de centralizar tudo, juntamente com as entidades que vão capacitá-los e as financiadoras, será importante para ter os micro e pequenos negócios como aliados. Porque queremos ajudá-los e, para isso, precisamos identificá-los, organizá-los e financiá-los”, apontou.
A ideia foi reiterada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. “Essa é uma entrega impactante para a produtividade das MPEs. Muitas vezes, os donos das empresas não têm a oportunidade de planejar uma forma de serem competitivos e melhorar a sua produtividade. E nós estamos dando este passo”, comentou.
Luciana citou as ações que o MCTI executará dentro do Programa Brasil Mais Produtivo e alertou sobre a relevância de considerar o tema da transição energética na pauta. “O Brasil precisa continuar liderando esse caminho. E para isso temos que ter esse esforço do governo e que se dê na produção da micro e pequena empresa”, avaliou.
Modalidades passam por produtividade e lean manufacturing
O programa terá quatro modalidades até 2027. Uma delas é a plataforma de produtividade. Nela, as micro, pequenas e médias empresas terão acesso a cursos, materiais e ferramentas sobre produtividade e transformação digital. Outro formato é o diagnóstico e melhoria de gestão, nos quais os negócios terão orientação e acompanhamento contínuo para aumento da produtividade.
A otimização de processos industriais trará para os empreendimentos a consultoria em lean manufacturing ou eficiência energética, além de aperfeiçoamento profissional. Já na transformação digital ocorrerá o desenvolvimento com soluções de tecnologias 4.0 com projetos de investimento, que serão acompanhados ao longo de sua execução.
Rio Grande do Sul abriga mais de 130 mil empresas do setor
Representando 10% do setor industrial do Brasil, o Rio Grande do Sul abriga atualmente um universo de mais de 130 mil empresas do segmento. E mais de 95% são empreendimentos de pequeno porte. As MPEs fornecedoras das indústrias atuam no setor de alimentos, produtos de metal, máquinas e equipamentos, couros e calçados, móveis, veículos automotores, reboques e carrocerias, borracha e plástico, itens químicos, minerais não-metálicos e vestuário e acessórios.